A estratégia "long/short", algumas recomendações
A estratégia "long/short", algumas recomendações
Com as incertezas do mercado externo oriundas da crise das dívidas na Europa e nos Estados Unidos, o investimento em bolsa apresenta alto grau de risco. Assim, sugiro a aplicação conhecida como “long/short” em que mesmo com o mercado em queda é possível obter retorno positivo.
Vamos começar pela conclusão: selecionando ações de companhias brasileiras listadas no exterior com peso no índice Bovespa, prefiro a aplicação em ações ordinárias (ON) de Petrobras (PETR3) e Vale (VALE3) do que em suas preferenciais (PN), PETR4 e VALE5, respectivamente. Sugiro ainda o investimento em ações preferenciais de Gerdau (GGBR4) e Cemig (CMIG4) em vez da aplicação nas suas ordinárias (GGBR3 e CMIG3, respectivamente). Por quê? Vamos lá.
Difundiu-se nos últimos anos uma estratégia de investimentos em ações denominada “long/short”. O que é isso? Trata-se da compra de uma ação (posição “long”) que, acredita-se, terá um desempenho superior ao de outra (a posição “short”). Essa última é alugada de um terceiro e vendida em seguida, para recompra futura e entrega ao proprietário original.
Em geral espera-se que a posição “long” se valorize enquanto a posição “short” apresente uma queda de preço durante o período de investimento. Mas o investidor pode obter ganhos mesmo se as duas ações se valorizarem, desde que a posição “long” se aprecie mais do que a posição “short”, ou se ambas caírem, se a posição “long” cair menos do que a “short”. O ganho do investidor depende do desempenho das duas pontas e, em teoria, não está vinculado ao desempenho direcional da bolsa. Ou seja, pode se ganhar mesmo que o índice não apresente valorização.
O Ibovespa não apresenta bom desempenho em 2011, recuando 15,1% até julho. O investidor estrangeiro encontra-se reticente em aplicar no mercado brasileiro – a entrada líquida é de apenas R$ 142,6 milhões no período –, tendo sua participação recuado de 33% para 32,1%. Não somente o cenário turbulento externo atuou como um freio para o investimento em bolsa, mas também o aumento da inflação interna e consequente incremento dos juros.
Algumas ações de companhias brasileiras apresentam negociação via “American Depositary Receipts”, os ADRs (recibos de ações estrangeiras negociados no mercado norte-americano). É mais cômodo para o investidor estrangeiro negociar ADRs do que ações no mercado brasileiro, pois não necessita entrar com os recursos no Brasil e o investimento já é realizado em dólar.
Com o desânimo do estrangeiro com a bolsa brasileira, é natural que os ADRs mais negociados apresentem maior pressão vendedora. Com isto, os ADRs mais líquidos de Petrobras (PBR, lastreado nas ordinárias), Vale (VALE, também vinculado às ordinárias), Gerdau (GGB, que espelha as preferenciais) e Cemig (CIG, lastreada em preferenciais) tendem a apresentar desempenho inferior ao de outras classes de ações.
Resumindo:
1) Observando-se o gráfico com o desempenho relativo de PETR3 e PETR4 (medido pela divisão da perfomance da primeira pela segunda, adotando-se base 100 no início do período), nota-se que as ordinárias (lastro para a ADR mais líquida) estão depreciadas em relação às preferenciais, o que sugere a aquisição da ON em detrimento da PN:
2) O gráfico de Vale é muito parecido com o de Petrobras. Nota-se que as ordinárias (lastro para a ADR mais líquida) estão depreciadas em relação às preferenciais, o que também sugere a aquisição da ON em detrimento da PN:
3) Já para o gráfico de Gerdau, ocorre o inverso. O desempenho das preferencias (Gerdau só possui ADR lastreada em PNs) tem sido bem inferior ao das ordinárias. Desde 3 de janeiro, as preferenciais se desvalorizaram 12,9% em relação às ordinárias. Logo, o indicado é comprar as preferenciais a expensas das ordinárias:
4) Os ADRs de Cemig mais líquidos são as preferenciais como ocorre com Gerdau. O desempenho das preferenciais tem sido bem inferior ao das ordinárias. Desde 3 de janeiro, as preferenciais se desvalorizaram 9% em relação às ordinárias. Logo, o indicado é comprar as preferenciais em detrimento das ordinárias:
A bolsa brasileira vem apresentando mau desempenho em 2011 devido a alguns fatores, dentre eles: (i) o conturbado cenário macroeconômico externo, em especial na Europa e nos Estados Unidos e (ii) a realização de lucros referente ao bom desempenho em 2010.
Contudo, o fator mais importante de pressão foi o recrudescimento da inflação e o consequente aumento dos juros internos determinados pelo Banco Central Brasileiro. No momento em que o mercado perceber que a luta contra a inflação está debelada, os recursos externos devem retornar para a bolsa, o que será positivo para as ações com ADRs negociados em Nova York.
É só por hoje. Até o próximo post. Valeu.