04 - A heterodoxia na análise fundamentalista O estrategista
22/08/2012 13:06
Em regra, o preço-alvo da ação de uma companhia é calculado com base na metodologia do fluxo de caixa descontado (FCD). Mas alguns leitores já devem ter visto, em relatórios de corretoras, analistas que utilizam métodos alternativos para calculá-lo. Faz sentido?
O preço intrínseco ou preço-alvo ou preço justo (“target price”, em inglês) geralmente é calculado com base na metodologia do FCD, pela qual a geração de caixa futura da companhia é trazida a valor presente a uma determinada taxa de desconto, deduzido o endividamento líquido. Posteriormente, esse valor é dividido pela base acionária.
Contudo, há relatórios nos quais os analistas adotam métodos alternativos, como o uso de múltiplos. Por exemplo, 50% do preço-alvo baseado em múltiplo P/L (preço por lucro) e 50% levando em conta o FCD. O analista multiplica o lucro projetado pelo P/L que ele considera adequado tomando por base o histórico das ações da companhia ou das ações das concorrentes, obtendo o valor justo. Esses analistas alegam que, como o FCD tem uma visão de longo prazo, a utilização do múltiplo traz para a análise um viés de mais curto prazo.
Eu não gosto dessa prática. É arbitrária. Por que considerar 50% para cada um dos métodos e não 30% para o múltiplo e 70% para o FCD ou 40%-60% ou 60%-40%? Dessa forma, o preço-alvo é facilmente manipulável. Além disso, uma mesma ação teria mais de um preço-alvo de acordo com a metodologia utilizada?
Apesar de todas as fragilidades, acredito que o melhor método para o cálculo do preço justo continua sendo o velho FCD.
Há 18 horas e 42 minutos Postado por: André Rocha Seção: Análise de ações
Valor Invest