Mundial acumula perdas de 81% em semana de blue chip
Conrado Mazzoni (cmazzoni@brasileconomico.com.br) - Atualizada às 17h44
22/07/11 15:54
As ações da fabricante de alicates e esmaltes Mundial voltaram aos holofotes no pregão desta sexta-feira (22/7) na BM&F Bovespa. Assim como nos últimos dias, sofreram queda de dois dígitos.
Ao término da sessão, as ações preferenciais, listadas sob o código MNDL4, marcaram desvalorização de 63,68%, cotadas a R$ 0,69. Já as ações ordinárias (MNDL3) perderam 76,38%, para R$ 0,94.
Na semana, os ativos da empresa acumularam desvalorização de 81% e 84%, respectivamente.
A cotação hoje em R$ 0,69 pulou para R$ 5,11 na terça-feira (19/7), em disparada de dois dias após o anúncio de um aporte de US$ 50 milhões do fundo estrangeiro Yorkville Advisors Global Investiments.
No início dessa semana, o volume diário de negócios com as ações da Mundial foi digno de uma blue chip da Bovespa, se comparando ao giro financeiro de Petrobras.
A aposta de queda dos papéis aparecia em dados de posições alugadas, prática também utilizada para quem pretende vender no mercado e aguardar uma oportunidade de recomprá-la mais à frente com um preço menor.
As posições alugadas de preferenciais da Mundial saltaram de R$ 400 mil há dois meses para R$ 4,2 milhões há uma semana. Chegaram ao patamar de R$ 15 milhões na quarta-feira (20/7) - início da derrocada recente dos papéis -, tendo agora voltado para pouco menos de R$ 4 milhões.
No ano, as ações PN exibem alta de 185%, depois de terem iniciado a semana com ganhos acumulados de 2000%.
Regulação
Diante do exuberante histórico recente, desde abril a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) concentra esforços para descobrir irregularidades na trajetória da Mundial.
"Houve, de fato, uma especulação em cima do papel. E precisamos apurar se essa especulação é lícita ou não lícita, ou seja, aconteceu por causa de informações simplesmente ou se tem alguém por trás atuando de forma a intensificar a liquidez desse papel, o que chamamos de manipulação", disse o superintendente de Relações com o Mercado e Intermediários da autarquia, Waldir de Jesus Nobre.
O executivo explicou que a comissão agora está depurando sua base de dados em busca de sinais de infração. "Até agora, não há levantamento suficiente de informações para uma acusação por indício de manipulação". Nas palavras de Nobre, "tem cheiro", mas nada ainda que comprove.
Dados de histórico de corretoras mostram que as movimentações fantásticas estão em mãos de poucas instituições.
Fundamentos
O superintendente da CVM reconhece, porém, que há informações condizentes com uma movimentação mais sobressalente nos papéis da Mundial em bolsa.
Desde o ano passado, a companhia tem emitido comunicados ao mercado enfatizando o processo de renegociação de dívida tributária de ICMS no Rio Grande do Sul e o plano de ingressar no Novo Mercado da Bovespa, categoria de listagem de ações que supõe melhores práticas de governança corporativa.
Em comunicado, o presidente e diretor de Relações com Investidores da empresa, Michael Lenn Ceitlin, revela que "não há nenhum fato de conhecimento da companhia que possa justificar tais oscilações".